NOSSAS AMÉRICAS – NOSSOS CINEMAS
( I Encontro de Realizadores de Audiovisuais da América Latina e do Caribe)
O Brasil começa a despertar para a necessidade de participar, de forma mais integrada e decisiva, na comunidade histórica da América Latina e do Caribe, inaugurando um novo processo de valorização e de intercâmbio entre as culturas dos nossos povos marcado pela convivência do múltiplo e pela afirmação das convergências.
Os jovens cineastas e realizadores audiovisuais sabem que é preciso lapidar os diamantes dos arquétipos, trabalhar com as heranças milenares herdadas dos povos originários, doadas pelos povos transplantados e reinventadas pelos povos mestiços. De forma nova e transformadora, esses jovens querem ser agentes deste novo processo civilizatório, integrando-se à modernidade sem negar as tradições e sem desprezar as conquistas tecnológicas e as experiências de vanguarda da contemporaneidade. Um cinema que trabalhe a universalidade no particular e a diversidade no singular.
Sabem esses jovens da América Latina e do Caribe que só existirá um cinema brasileiro, chileno, equatoriano, venezuelano, nicaraguense ou cubano quando ele for expressão dos imaginários das diversas nações que formam a riqueza e a diversidade cultural dos povos de cada um desses países. É esse o cinema que precisa conquistar e ocupar um espaço decisivo nas comunidades, nos cineclubes, nas praças públicas, nas telas de cinema e das TVs (abertas, por cabo ou digitais) do nosso continente sem, no entanto, fechar-se para as manifestações mais legítimas e mais profundas de outros povos e de outras nações.
Com esses propósitos, os jovens realizadores de cinema e audiovisuais da América Latina e do Caribe têm encontro marcado no Brasil, no Nossas Américas – Nossos Cinemas. Serão quatro dias de encontros, de estudos, de discussões em mesas temáticas, de palestras, de mostras de filmes; de buscas de novas formas de organização, de intercâmbios e de vivências. A partir desse encontro, poderão ser estabelecidas redes solidárias de cooperação, de ensino e de difusão, dentro de um processo de respeito à diversidade e de uma ética que estabeleça a reciprocidade, contribuindo assim para uma verdadeira universalização das culturas dos povos. O Nossas Américas – Nossos Cinemas é um encontro sincrético, original, mestiço, plural e singular.
A Carta do Rio de Janeiro, lançada em junho de 2008, durante o XV festival Iberoamericano de Cinema e Video, conclama a reunião dos jovens realizadores da América Latina e do Caribe, chamamento ratificado pelas cartas de Caracas, Venezuela e Quayaquil, no espaço do I e do II Encontro de Documentaristas Latino-americanos e do Caribe – Século XXI, afirmando a importância da diversidade cultural do nosso continente e apontando para a inclusão do nosso cinema independente como importante instrumento de integração entre os povos.
Ao reunir jovens realizadores de cinema e de audiovisual, da América Latina e do Caribe, o Nossas Américas – Nossos Cinemas aposta no futuro.
